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Zeus e os amigos. Dia 11 | 13.09.2025 | Salónica

  • Foto do escritor: Luis Bernardes
    Luis Bernardes
  • 2 de out.
  • 6 min de leitura

Sábado.

Último dia com atividades. Amanhã será o dia de regresso para grande parte do grupo. Eu e Margarida ainda ficaremos mais um dia. Outros ainda ficam mais dois ou três dias.

 

Temos encontro marcado com o Dimitrios. Guia encartado, nascido e residente em Salónica. Pelo meio viveu em Coimbra. Numa República. Estudou pouco e divertiu-se muito. Aprendeu a comer sopa e a gostar dos portugueses.

 

Antes de nos encontrarmos com o Dimitrios, ainda visitámos a Igreja de São Demétrio. É a maior igreja da Grécia dedicada a um santo e um dos centros mais importantes da devoção cristã ortodoxa.


Igreja enorme e, por sorte, estava a acontecer uma missa. Logo cedinho, pelas 9 da matina. Estava muita gente, como sempre nas igrejas gregas. No final da celebração podemos assistir à cerimónia da oferta de um pedaço de pão embebido em vinho.

Esta igreja tem umas catacumbas muito interessantes de visitar. A entrada é por dentro da igreja, do lado direito do Altar e vale muito a pena visitar.

 

As catacumbas são uma cripta construída sobre antigos banhos romanos, onde, segundo a tradição, São Demétrio foi aprisionado e martirizado no início do século IV (c. 303 d.C.).

 

Hoje, a cripta é um museu arqueológico e espaço de culto, onde ainda se celebram liturgias em ocasiões especiais. É um dos poucos espaços subterrâneos bizantinos preservados em Salónica.

 

Esta igreja já está na subida para a parte alta da cidade. Mas ainda havia que subir mais um pouco até chegar ao nosso, Dimitrios.

 

O ponto de encontro foi na Igreja do Profeta Elias. É uma das poucas igrejas bizantinas que sobreviveram praticamente intactas ao grande incêndio de 1917. É pequena, com algum turismo, mas muito autêntica e frequentada pelos locais do bairro.

 

E foi à entrada da igreja que conhecemos o nosso Dimitrios. Com um carrapito a enrolar o cabelo, meio cansado, que tinha chegado na noite anterior de uns dias com turistas pelas montanhas ali perto e com uma sacola, que está visto, deve ser um instrumento musical. Quem sabe ainda temos direito a ouvir umas musiquinhas cantaroladas pelo jovem Dimitrios. Sim, tem pouco mais de vinte anos.

 

Subimos então para chegar à parte alta da cidade. Ao bairro de Ana Poli. Também o bairro onde vive o nosso guia. Este bairro confunde-se com a fundação da cidade e ainda existem partes das muralhas que defendiam a cidade e marcavam os seus limites.

 

É um bairro interessante, muito autêntico, quase sem estrangeiros e com uma população que se conhece e se cumprimenta na rua. No coração do bairro não existem praticamente lojas, restaurantes ou outro tipo de comércio. Uma lei já com muitos anos proibiu as atividades comerciais. É o único que permaneceu quase intacto ao grande incêndio.


No tempo dos Otomanos ,aqui viviam turcos, gregos e judeus sefarditas, todos vivendo em paz e bons vizinhos. Ainda hoje existem muitos vestígios desta época.

 

Também aqui ainda existem algumas mansões otomanas e macedónias. Uma destas mansões ainda é habitada por um grego de origem turca. O nosso guia estava a contar-nos a história da família desta mansão e que o único habitante da mansão continua a ter contacto com a sua família turca. No século passado, quando os muçulmanos foram obrigados a serem transferidos para a Turquia e os ortodoxos, que viviam na Turquia, forçados a ir para a Grécia, este senhor quis manter-se em Salónica. É um mecenas da cidade e há poucos anos conseguiu convencer o Ministro da Cultura a recuperar alguns edifícios e igrejas de origem turcos.

 

A “cereja no topo do bolo” foi mesmo quando estávamos a passar pela sua mansão, o proprietário apareceu à janela. Parecia uma encenação, mas foi mesmo uma feliz coincidência.

 

Continuámos a deambular pelo bairro. Numa pequena praceta com mais umas histórias sobre a sua vivência, o Dimitrios sacou do que tinha na sacola. Vinha de lá uma pequena guitarra grega. O bouzouki. Existem em 2 tamanhos. O tamanho mais pequeno é por uma questão prática. Para que fosse mais fácil transportar e esconder. Durante muitos anos foi usado como instrumento de protesto, pelas letras que se cantavam e tocavam. Ainda hoje não é muito bem vista pelas autoridades.

 

Numas escadinhas e à sombra cantou-nos duas músicas. A primeira sobre problemas de droga e a segunda com o título Praias do Paraguai. Já agora… não existem praias no Paraguai. Foi um momento muito interessante. 

 

Seguimos por mais umas ruelas, visitámos uma pequena, muito pequena igreja ortodoxa. Igreja do Santificado Davi. Escondida das multidões, esta igreja, nos tempos bizantinos, funcionou como igreja católica. Também chegou a ser uma mesquita. É conhecida sobretudo pelos seus mosaicos e frescos.

Daqui avista-se toda a cidade com o Mar Egeu ao fundo.

 

Ainda tempo para ver as muralhas, mais um mosteiro e por hoje o Dimitrios tinha o dia feito. E bem feito. Já podia ir descansar com consciência do trabalho bem feito. Despedimo-nos e começamos a descida para a parte baixa da cidade.


Já com alguma fome, mas ainda com uma “jóia” para, rapidamente, visitar. A Rotonda de Galério. Faz lembrar o Panteão de Roma. No interior ainda se podem ver os mosaicos cristãos mais antigos do Império Bizantino (séc. IV) e relativamente bem conservados. É um dos monumentos obrigatórios numa visita a Salónica.


Pronto chega, tenho fome e estou cansado das pernas e está imenso calor. Estou quase a ficar rabugento. É só mais um bocadinho e pelo meio de algumas ruínas, a céu aberto, chegamos ao mercado municipal. Carne, peixe, roupa, cafés, recuerdos, tem de tudo. Até um, muito bom, restaurante, escondido num cantinho do mercado. Da parte da tarde estávamos livres de programas, horários.

 

O almoço foi prolongado o suficiente para descansar as pernas, discutir onde iríamos tomar café e o que fazer da parte da tarde. Só faltava mesmo o último jantar para fechar a viagem.

 

A tarde foi tranquila e com um longo passeio pela marginal. Com a Margarida, Agnès e João passeamos pela longa marginal. Tínhamos ainda a grande estátua de Alexandre, o Grande para ver, lá bem ao fundo. Pela estátua, este imperador, guerreiro, era bem grande. A estátua é enorme. O Grande está colocado paralelo ao mar, montado a cavalo e empunhando a sua espada e escudo.


Passámos, não entrámos na Torre Branca. Talvez o edifício mais famoso de Salónica. Esta grande torre, junto ao mar, tem uma vista espetacular sobre toda a cidade e servia como torre de vigia e defesa contra os ataques inimigos.

 

Perto, estava a equipa do Paok, a estagiar no melhor hotel da cidade. Um dos ídolos, dos últimos anos, é o português Vieirinha. Mas infelizmente não deu para o cumprimentar. Nem gosto muito de falar do Paok. Há não muito tempo eliminou o Benfica nas eliminatórias para a Champions. Bem, isso agora não interessa, mesmo, nada.

 

Mais do que mortos de andar, era hora de fazer o caminho inverso. Tranquilos e com o tempo que restava antes do jantar, tínhamos ainda o objetivo de conhecer o metro de Salónica e concretamente a estação de Venizelos. A construção do metro de Salónica demorou 38 anos e só foi inaugurado há menos de 1 ano. Tem uma linha e não muitas estações. Passa por baixo da avenida principal de Salónica e… muito em breve vai fechar.

 

Vamos por partes, é o metro mais caro do mundo versus a distância que tem. Problema, escavam 5 metros, encontram milhares de vestígios do passado. Problema, entram os arqueólogos, escavam, analisam, identificam os achados. Tudo isto significa tempo e muito dinheiro. Agora vai fechar para escavar mais um bocadinho.

 

Estação de Venizelos. Aqui os achados foram particularmente relevantes e com muitas peças e utensílios em muito bom estado. A estação tem um espaço enorme com estes achados e que se mantém no seu local original. Muito interessante.

 

A última ceia. O nosso último jantar foi no Sourtoukw. Tudo bem disposto. Como sempre, comida boa, um vinho branco que nunca falhou. Para terminar e depois do discurso da nossa líder, Filipa, tirámos uma foto ao estilo última ceia. O fotógrafo de serviço, o empregado de mesa, já a ficar impaciente na demora em acertarmos com a pose certa, mas ficou uma boa chapa. E a viagem estava terminada. Como já vos disse, eu e Margarida, ainda tinha mais quase dois dias para relaxar e dar mais umas voltas por Salónica.



 
 
 

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