Dia 10 | 27.04.2025 | Planeta Japão Hiroshima_Miyajima_Osaka
- Luis Bernardes
- 29 de abr.
- 5 min de leitura
Taxis. Nunca na vida andei tanto de taxi. Acho que foi onde gastei mais dinheiro. No dia-a-dia acho que gastei mais em taxis do que em comida pu noutra coisa qualquer. Basicamente nestas viagens gasto dinheiro em comida e transportes. Souvenirs poucos, muito poucos, cada vez menos. O metro, em qualquer das cidades onde estive é super eficaz. Mas, por dia, são muitos km´s a andar a pé. E em percursos não muito longos, ma o suficiente para justificar o taxi faz sentido. Os taxis em comparação com Portugal até são mais baratos. Podem ser apanhados na rua ou chamados através do Uber ou da app GO. E pode-se sempre pagar com o telemóvel. Na app da Uber dá para chamar vários tipos de táxi, não só ubers. Funciona tudo muito bem.
Os motoristas são irrepreensíveis. Seja qual for o taxi. Sempre impecavelmente vestidos e de luva branca. As portas, mesmo dos taxis mais antigos, abrem automaticamente. Na app da Uber quando escolhemos Taxi e não Uber ou Private car, o valor é uma estimativa que muitas vezes fica abaixo do valor que pagamos. Também o valor que aparece é sem imposto. Mas é uma experiência andar de Taxi no Japão. Eu fiquei um cliente Premium por estes dias. Os taxistas vão, com toda a certeza, sentir a minha falta.
O dia começou muito cedo. Hora de levantar 05:45h. Temos um Shinkasen para apanhar às 06:50h e até à estação ainda é uma meia hora. Vamos de metro. A cidade ainda está a dormir. Na rua passamos pelos despojos de um sábado à noite. Jovens atordoados que ainda não chegaram a casa da noite. Alguns vão mesmo ter alguma dificuldade em acertar com o caminho. Nós caminhamos mas centenas de metros até chegar ao Metro. Tudo dentro do previsto. Apanhar o comboio bala é super fácil. Tudo bem indicado. A viagem tem um nome e um número. Sakura 654. É seguir para a linha indicada. O bilhete tem a indicação da carruagem e lugar. É importante saber a carruagem pois os comboios bala chegam a ter mais de 20 carruagens. O tamanho inteiro de uma estação. Como sempre acontece o comboio chega dois minutos antes e parte no preciso segundo da hora prevista. Destino…hoje Hiroshima e Miyajima e volta para casa, neste caso também conhecida por Osaka.
Depois de 01:30h de viagem, chegamos à estação de Hiroshima. Tínhamos a Miyuki à nossa espera. A Miyuki é a nossa guia para este dia. Espera-nos uma manhã pesada. Ainda na estação de comboios finalmente tomámos o pequeno almoço. Quando saímos do hotel ainda o pequeno almoço estava fechado.
De autocarro chegamos ao primeiro ponto da visita. O Ground Zero. O preciso ponto onde a primeira bomba atómica caiu. Foi em cima de um hospital. Ninguém sobreviveu. A bomba era suposto cair 300 metros ao lado. A devastação que gerou seria indiferente. Neste preciso local, passados uns anos foi construído outro hospital que continua a funcionar. Resta uma pequena placa a indicar o Ground Zero.
Seguimos a pé e umas dezenas de metros chegamos ao famoso edifício que ficou semi-destrúido e que depois de muita polemica entre os habitantes de Hiroshima foi decido manter as ruínas tal como ficaram depois da bomba. Este edifício é junto ao rio que aqui passa e está integrado numa zona verde. Está exatamente como no dia 06 de agosto de 1945 ficou depois da desgraça. Num raios de 2km ou 3km foi literalmente tudo arrasado, como iríamos ver mais dali a uns minutos.
Seguimos para um monumento construído em homenagem a uma menina de 12 anos que morreu 3 anos depois com leucemia. Antes de chegarmos ao museu ainda passamos pelo enorme jardim que tem um monumento em honra de todas as vitimas e onde são feita, anualmente, as cerimónias e discursos sobre o Holocausto provocado pelas bombas.
O museu impressiona. Fez-me lembrar os vários museus que já visitei do outro Holocausto, na mesma guerra, mas contra os judeus. As imagens e testemunhos são horríveis. O Pai da Miyuki nasceu 4 dias depois. Por sorte os avós decidiram que o nascimento seria nas montanhas perto de Hiroshima e quando a bomba caiu já estavam fora de Hiroshima. Os avós nunca gostaram de falar sobre o que aconteceu. Os tempos a seguir á tragédia foram terríveis. Impressiona ver as imagens e fotografias. Das milhares de casas sobreviveram 3 ou 4. Umas delas, a única que ficou para contar a história e que já falei, tratava-se de uma construção ao estilo europeu de um arquiteto checo.
O museu tem fotografias, videos, roupas. Também a história do pós bomba. A descriminação que ops sobreviventes que adoeceram, pela contaminação, e que eram discriminados pelos próprios residentes que, por sorte, não apanharam nenhuma maleita. Na altura não se conheciam as consequências da radiação e corria a informação de que as doenças eram transmissíveis. Era a lepra destes tempos. Manhã pesada, muito pesada. Terminou ainda antes da hora do almoço.
Ali perto apanhamos um barco para a ilha de Miyajima. São 30 minutos de viagem. O frio da manhã já se foi. O sol e calor começam a fazer-se sentir. Chegamos à ilha. Estão milhares de pessoas. A ilha ficou famosa pelo santuário Xintoista que tem as suas gigantes portas no mar…quando a maré está cheia. Sorte ou azar, a maré estava vazia. Fomos mesmo até à porta que assinala estarmos junto a um santuário Xintoísta. Não caminhámos por cima da água, fomos mesmo pela areia. Nós e mais uns quantos milhares. Esta ilha está cheia de turistas. A grande maioria vai e vem no mesmo dia, tal como nós fizemos. Depois de lá ter estado o meu conselho é chegar da parte da tarde e ficar para o outro dia. O final de tarde e noite já a ilha está bem mais calmo e podemos disfrutar em paz do fim da tarde e do nascer do sol.
Este santuário está cheio de turistas e para além de estar assente na água não tem grande interesse. Uma dica, depois de o visitarem sigam a rua com uma ligeira subida e uns 500 metros depois chegamos a um templo budista que parece entrarmos noutro mundo. Tem turistas, mas muito menos. Respira-se paz, silêncio. Fica já nos inicio da montanha com uma vista soberba sobre as casas da ilha, o mar e os arredores de Hiroshima na outra margem. Aqui ainda se fazem cerimónias religiosas todos os dias e que testemunhei. Vale a pena o esforço de vir até este templo budista.
Antes e logo que chegámos à ilha eram horas de almoço. A ilha tal como em qualquer parte deste planeta está cheia de restaurantes. Existem uma rua principal com todo o tipo de restaurantes. Acertámos em cheio. Mesmo no furacão dos turistas existe um restaurante frequentado quase mesmo só por japoneses. Acho que éramos mesmo os únicos ocidentais. Parece que estávamos num filme. Rústico, zero luxo, acho que foi o restaurante que gostei mais em toda a viagem. Comemos o famoso Okonomiyaki. Maravilhoso. O restaurante tem uma tabuleta com o nome Home Sweet Home, dos Momo Bros. Este prato que também é muito típico em Osaka nasceu em 1950 devido à insuficiência de comida. Os ingredientes são vários misturados e principalmente vegetais. Vale mesmo a pena experimentar.
E com tudo isto estava feito o passeio pela ilha. Aconselho a visita. No verão o calor e a humidade são complicados de gerir. Para quem gosta de caminhadas tem trilhos que valem a pena ficar uns dias a caminhar pela ilha. A ilha também tem uns biscoitos típicos, em forma de estrela, feitos à nossa frente em muitas das pastelarias da ilha.
O regresso foi por ferry não direto a Hiroshima, mas aos arredores. Dai foi de comboio até à estação de Hiroshima. Estação enorme com gente por todo o lado e cheio de lojas, restaurantes. Despedimo-nos da nossa guia. Foi uma guia excelente. Foi mais um grande dia. Mais hora e meia e o Shinkansen ou Bala, como preferirem trouxe-nos de volta a Osaka.
































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